Novos produtos e aplicações baseadas em nanotecnologia, como o delivery de fármacos e o seu emprego na conservação de alimentos, apontam para uma exposição cada vez maior de seres humanos à nanopartículas. Ensaios in vitro e in vivo demonstram que as NPs podem exibir características diferentes dos materiais de mesma composição, mas escala dimensional diferente. Entre os possíveis perigos à saúde a serem avaliados em produtos nanopartículados destacamos a toxicidade aguda oral. Embora haja um número significativo de artigos científicos analisando os efeitos toxicológicos das NPs, ainda não há consenso de quais protocolos são adequados para a dispersão e preparo da amostra a ser utilizada em ensaios in vitro. Ensaios toxicológicos padronizados e validados estão disponíveis para se avaliar a resposta biológica de substâncias químicas e são amplamente utilizados para classificação de perigo (corrosivo, irritante, etc.). Entretanto, ainda existem discussões acerca da validade dos ensaios in vitro convencionais para teste de nanopartículas. Desta forma, o presente trabalho, tendo como ponto de partida o OECD Guidance Document n o 129 (GD 129) que é validado para previsão das doses iniciais em testes de toxicidade aguda oral sistêmica de substâncias químicas convencionais, estudou a aplicabilidade para a avaliação de toxicidade aguda oral de nanopartículas. Foram utilizadas as nanopartículas de óxido de cobre (CuO), óxido de zinco (ZnO), dióxido de titânio (TiO2) e prata (Ag). Como alternativa para a quantificação de viabilidade celular a análise em tempo real, por impedância elétrica, foi utilizada para as nanopartículas de óxido de Cobre (CuO) e óxido de zinco (ZnO) e para o controle positivo (SDS). Todas as abordagens foram baseadas no GD 129. Os IC 50 encontrados foram 11,5; 2,21 e 2,05 µg/mL respectivamente para ZnO, Ag e CuO. Não foi encontrado IC50 para TiO2. Na avaliação em tempo real por impedância elétrica, encontrouse IC50 de 4,47 µg/mL para ZnO e 3,48 µg/mL para CuO. As interferências colorimétricas encontradas para as nanopartículas de dióxido de titânio e óxido de cobre não alteraram a classificação GHS para toxicidade aguda oral encontrada na literatura e no caso do CuO foi igual à classificação prevista na análise celular em tempo real (RTCA) por impedância elétrica. O GD-129 da OECD demonstrou-se capaz de prever corretamente a categoria GHS das nanopartículas metálicas estudadas neste trabalho.
ABSTRACT - New products and applications based on nanotechnology, for example the drug delivery and their use in food preservation, indicate a growing human exposure to nanoparticles. In vitro and in vivo assays demonstrate that NPs can exhibit different characteristics of the materials with same composition but different dimensional scale. There are many possible health hazards to be assessed in nanoparticle products, here we highlight the acute oral toxicity. Although there is a significant number of scientific papers analyzing the toxicological effects of NPs, there is no consensus of protocols which are suitable for the dispersion and preparation of samples to be used in in vitro assays. Standardized and validated toxicological tests are available to assess the biological response of chemicals and are widely used for hazard (corrosive, irritating, etc.). However, there are still discussions about the validity of the conventional in vitro tests for substances at the nanoscale. Thus, this paper, taking as its starting point the OECD Guidance Document on 129 (GD 129) which is validated for predicting the initial doses of systemic acute oral toxicity of conventional chemical tests, studied the applicability of GD 129 for the evaluation of nanoparticles acute oral toxicity. We used nanoparticles copper oxide (CuO), zinc oxide (ZnO), titanium dioxide (TiO 2) and silver (AG). In order to offer an alternative for the quantification of cell viability, analysis in real time, using electrical impedance, was used for the copper oxide nanoparticles (CuO) and zinc oxide (ZnO) and the positive control (SDS). All approaches were based on GD 129. The IC 50 found were 11.5; 2.21 and 2.05 µg /ml respectively for ZnO, Ag and CuO. It wasn’t determined for TiO2. In real-time cell analysis using electrical impedance, we met IC50 of 4.47 µg / mL for ZnO and 3.48 µg / mL to CuO. Interference found for the titanium dioxide nanoparticles and copper oxide did not change the GHS classification for acute oral toxicity found in the literature and in the case of CuO was the same as the classification provided in real-time cell analysis (RTCA). The OECD GD-129 was able to correctly predict the GHS category of metallic nanoparticles studied in this work.