Abstract:
A demanda mundial por combustíveis de origem renovável é crescente, e o Brasil tem potencial para ser um grande exportador contribuindo para a redução de emissões contendo enxofre e gases responsáveis pelo aquecimento global, uma vez que possui um dos maiores parques industriais do mundo para produção de etanol, tendo como matéria-prima a cana-de-açúcar. Nos últimos anos, o uso do álcool como combustível automotivo voltou a crescer no Brasil, sendo o único país a utilizá-lo em grande escala – 20% da frota nacional. Com o interesse crescente do mercado internacional no álcool etílico anidro combustível (AEAC), o Brasil sente a necessidade de se estabelecer como líder na produção de combustíveis de fontes renováveis, visando substituir 5% dos combustíveis derivados do petróleo consumidos atualmente no mundo. O Inmetro, sendo o organismo brasileiro do sistema internacional de metrologia, de avaliação da conformidade e acreditação, exerce ainda um papel-chave em pesquisas sobre biocombustíveis em geral, visando contribuir de forma fundamental tanto na pesquisa, desenvolvimento e produção de materiais de referência como para propiciar a rastreabilidade aos laboratórios, disponibilizando para a indústria nacional um material de referência certificado (MRC), harmonizado pelos procedimentos internacionais indispensáveis para tornar os biocombustíveis uma “commodity” [1]. A possibilidade de conquistas de mercados no exterior requer que o etanol atenda aos exigentes requisitos de qualidade destes mercados. Os laboratórios que realizam as análises para atender às especificações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP [2] deverão estar bem preparados para realizar medições confiáveis. Para a garantia da confiabilidade e qualidade dos resultados das medições, o Inmetro realiza Ensaios de Proficiência (EP) através do Programa de Ensaio de Proficiência da Diretoria de Metrologia Científica e Industrial do Inmetro (PEP-Dimci). Um EP tem por finalidade comparar resultados de medição de diferentes laboratórios realizados sob condições similares e, assim obter uma avaliação contínua da competência técnica dos laboratórios participantes através dos resultados gerados por diversas comparações interlaboratoriais, fornecendo-lhes um mecanismo adequado para avaliar e demonstrar a confiabilidade de suas medições [3]. Cabe destacar que os laboratórios têm a oportunidade de rever seus procedimentos de análises, bem como implantar melhorias nas diferentes atividades em que os laboratórios atuam, caso seja necessário. Além da finalidade citada anteriormente, um EP compreende outros aspectos como demonstração de controle e capacidade de realizar medições, validação do método de medição, avaliação da incerteza de medição, demonstração de concordância com as necessidades de desempenho e, ainda, de educação e treinamento [4]. Dentre os parâmetros para o álcool etílico anidro combustível que são regulados pela ANP e/ou órgãos internacionais, foram selecionados cinco para este EP, os quais estão discriminados abaixo: - Teor de água (%m/m) – o excesso de água aumenta a condutividade do álcool e conseqüentemente contribui para a diminuição do poder calorífico - Condutividade eletrolítica (μS/m) – valores de condutividade acima de 500 μS/m podem contribuir para possível corrosão dos componentes dos motores dos veículos - pH – valores de pH entre 6,5-9,0 são adequados para evitar possível corrosão nos componentes dos motores dos veículos - Massa específica (kg/m3) – contribui para a estabilidade e qualidade do produto - Teor alcoólico (INPM, %m/m) – limites abaixo de 99,7 % podem afetar o poder calorífico e o desempenho dos motores dos veículos. Este relatório visa apresentar os resultados da avaliação de desempenho dos laboratórios participantes do EP em Álcool Etílico Anidro Combustível – 1ª rodada, nas medições dos cinco parâmetros acima mencionados.